05/10 – Dia Mundial da Meningite


 

O Dia Mundial da Meningite acontece anualmente no dia 5 de outubro. As ações originaram-se com a realização de eventos pelos membros da Confederation of Meningitis Organisations (CoMO) em cinco países, desde 2009. Atualmente, a CoMO faz parte da Meningitis Research Foundation e a campanha transformou-se em um movimento global, com milhões de pessoas de 126 países se unindo para aumentar a conscientização que salva vidas e garantir que ninguém fique sabendo do problema quando estiver gravemente doente no hospital com a doença.

A meningite pode afetar qualquer pessoa, em qualquer lugar, a qualquer hora. É uma condição devastadora e debilitante, que se desenvolve rapidamente, deixando o paciente com pouco tempo para buscar o tratamento de que precisa para sobreviver. Pode matar em poucas horas, frequentemente tem implicações de saúde para toda a vida para os que sobrevivem e sérias consequências sociais e econômicas.

Todos os anos, mais de 2,5 milhões de casos ocorrem no mundo, com uma morte a cada 10 pessoas e, tragicamente, cerca de metade dessas mortes ocorre em crianças menores de 5 anos. Um em cada 5 sobreviventes viverá com deficiências para o resto da vida, incluindo perda auditiva, danos cerebrais, perda de membros e epilepsia.

Apesar do progresso significativo alcançado nas últimas décadas, a meningite continua sendo uma doença muito temida em todo o mundo, com uma alta taxa de letalidade e propensão de causar epidemias que representam um grande desafio para os sistemas de saúde, economias e sociedade.

Mesmo sendo uma doença amplamente prevenível por meio da vacinação, o progresso na luta contra ela está atrás de outros agravos preveníveis por vacinas.

Em novembro de 2020, a 73ª sessão da Assembleia Mundial da Saúde aprovou o roteiro global para derrotar a meningite até 2030, trazendo uma visão abrangente: “Rumo a um mundo livre de meningite”, com três objetivos:

– Eliminação de epidemias de meningite bacteriana;
– Redução de casos de meningite bacteriana prevenível por vacinação em 50% e de mortes em 70%;
– Redução das incapacidades e melhoria da qualidade de vida após meningite por qualquer causa.

Estabelece, ainda, um caminho para atingir os objetivos, por meio de ações concentradas em cinco pilares interligados:

– Prevenção e controle de epidemias focados no desenvolvimento de novas vacinas acessíveis, obtenção de alta cobertura de imunização, melhoria das estratégias de prevenção e resposta a epidemias;
– Diagnóstico e tratamento, focados na rápida confirmação da meningite e no seu manejo ideal;
– Vigilância em saúde para orientar a prevenção e o controle da meningite;
– Cuidados e apoio às pessoas afetadas, com foco no reconhecimento precoce e na melhoria do acesso aos cuidados e apoio às sequelas da doença;
– Engajamento para garantir alta conscientização sobre meningite, contemplação da doença nos planos nacionais de saúde dos países e aumento do direito à prevenção, cuidados e serviços de pós-tratamento.

Embora o roteiro aborde todas os tipos de meningite, independentemente da causa, ele se concentra nas principais causas da forma bacteriana aguda (meningococo, pneumococo, Haemophilus influenzae e estreptococo do grupo B), que foram responsáveis ​​por mais de 50% das mortes por meningite por todas as causas em 2019 e causam outras doenças invasivas, como sepse e pneumonia, contra as quais vacinas eficazes estão disponíveis (ou estarão em um futuro próximo).

A OMS disponibiliza um resumo executivo do Defeating meningitis by 2030: a global road map.

 

No Brasil, entre os anos de 2007 e 2020, foram notificados 393.941 casos suspeitos de meningite. Destes, foram confirmados 265.644 casos de várias etiologias, sendo a meningite viral a mais frequente (121.955 casos), seguida pela etiologia bacteriana (87.993 casos).

 

A meningite é uma inflamação das meninges (tecido que reveste o cérebro e a medula espinhal). Apesar de ser habitualmente causada por microrganismos, a meningite também pode ter origem em processos inflamatórios, como câncer (metástases para meninges), lúpus, reação a algumas drogas, traumatismo craniano e cirurgias cerebrais.

A infecção é geralmente causada por:

Bactérias: Neisseria meningitidis (meningococo); Streptococcus pneumoniae (pneumococo); Haemophilus influenzae; Mycobacterium tuberculosis; Streptococcus sp., especialmente os do grupo B; Listeria monocytogenes; Escherichia coli; Treponema pallidum, entre outras.

Vírus: Enterovírus não pólio (tais como o vírus Coxsackie e Echovírus); Herpes simplex; Varicela zoster; Epstein-Barr; Citomegalovírus; Arbovírus (Dengue, Zika, Chikungunya, Febre Amarela, Febre do Nilo Ocidental); Sarampo; Caxumba; Rubéola; Adenovírus, entre outros.

Fungos: Cryptococcus neoformans; Cryptococcus gatti; Candida albicans; Candida tropicalis; Histoplasma capsulatum; Paracoccidioides brasiliensis; Aspergillus fumigatus.

Protozoários: Toxoplasma gondii; Plasmodium sp.; Trypanosoma cruzi.

Helmintos: Infecção larvária de Taenia solium; Cysticercus cellulosae (Cisticercose); Angyostrongylus cantonesis.

A doença meningocócica (DM) causada pela bactéria N. meningitidis, caracteriza-se por uma ou mais síndromes clínicas, sendo a meningite meningocócica a mais frequente delas e a meningococcemia a forma mais grave. As crianças, os adolescentes e os adultos jovens têm o risco de adoecimento aumentado em surtos. Os maiores coeficientes de incidência da doença são observados em lactentes, no primeiro ano de vida.

Na meningite pneumocócica (causada pela bactéria S. pneumoniae) idosos e indivíduos portadores de quadros crônicos ou de doenças imunossupressoras também apresentam maior risco de adoecimento.

Transmissão:

Geralmente, as bactérias que causam meningite bacteriana se espalham de uma pessoa para outra por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Já outras bactérias podem se espalhar por meio dos alimentos, como é o caso da Listeria monocytogenes e da Escherichia coli.

As meningites virais podem ser transmitidas de diversas maneiras a depender do vírus causador da doença.

A meningite fúngica não é transmitida de pessoa para pessoa. Geralmente os fungos são adquiridos por meio da inalação dos esporos (pequenos pedaços de fungos) que entram nos pulmões e podem chegar até as meninges. Alguns fungos encontram-se em solos ou ambientes contaminados com excrementos de pássaros ou morcegos. Um outro fungo, chamado Candida, geralmente é adquirido em ambiente hospitalar.

As pessoas também são infectadas pela ingestão de produtos ou alimentos contaminados que tenham a forma ou a fase infecciosa de parasitas.

Sintomas:

Os sintomas da meningite começam, normalmente, com mal-estar geral, febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos, falta de apetite, rigidez no pescoço, dificuldade de encostar o queixo no peito. Em crianças pequenas, há também o inchaço da moleira (topo da cabeça). Após o início da febre e dor na garganta, surgem dores nas articulações e nos músculos. Entre o primeiro e o segundo dia de doença, surgem lesões hemorrágicas com rápida disseminação por toda a pele.

Tratamento:

Devido à gravidade do quadro clínico, pacientes com suspeita de meningite devem sempre ser hospitalizados. Assim, ao suspeitar de um caso, é urgente a procura por um pronto-socorro hospitalar para avaliação médica. De acordo com o tipo de agente causador da doença, será estabelecido o tratamento adequado.

Prevenção:

A meningite é uma síndrome que pode ser causada por diferentes agentes infecciosos. Para alguns destes, existem medidas de prevenção primária, tais como vacinas e quimioprofilaxia. As vacinas estão disponíveis para a prevenção das principais causas de meningite bacteriana. O calendário de vacinação da criança do Programa Nacional de Imunização dispõe das seguintes vacinas:

– Vacina meningocócica C (Conjugada): protege contra a doença meningocócica causada pelo sorogrupo C.

– Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite.

– Pentavalente: protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo B, como meningite, e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B.

– Meningocócica ACWY (Conjugada): protege contra a doença meningocócica causada pelos sorogrupos A, C, W e Y.

 

O Ministério da Saúde lançou, nesta quinta-feira (3/10), as diretrizes do “Plano Nacional para o Enfrentamento às Meningites até 2030”. O Brasil caminha para ser o primeiro país da região das Américas a estruturar um plano estratégico com tal finalidade. O documento afirma o compromisso brasileiro com o Roteiro Global da Organização Mundial da Saúde (OMS), firmado em 2021, para derrotar as epidemias que ocorrem no mundo e reduzir em 70% as mortes provocadas por elas até 2030.

 

Fontes:

Confederation of Meningitis Organisations (CoMO)
Fundação Oswaldo Cruz
Ministério da Saúde
Organização Mundial da Saúde (OMS)

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