10/11 – Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez
A audição é um dos sentidos fundamentais para o desenvolvimento da fala, da linguagem e da alfabetização, uma vez que ler e escrever dependem do funcionamento adequado dos processos de detecção e interpretação dos sons.
A surdez é o nome dado à impossibilidade ou à dificuldade de ouvir.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há no mundo 1,5 bilhão de pessoas com algum grau de deficiência auditiva, sendo 2,3 milhões no Brasil. De acordo com o Relatório Mundial da Audição (documento em inglês), lançado em março de 2021 pela OMS, estima-se que até 2050, 2,5 bilhões de pessoas (uma a cada quatro) terão algum grau de perda auditiva, estando um bilhão de jovens sob risco, principalmente pela exposição constante a sons altos.
A prevalência geral dos déficits auditivos incapacitantes situa-se em torno de 3 por 1.000 nascidos vivos.
A audição é constituída por um sistema de canais que conduz o som até o ouvido interno, onde essas ondas são transformadas em estímulos elétricos e enviadas ao cérebro, órgão responsável pelo reconhecimento daquilo que se ouve.
As perdas auditivas podem ser de origem genética/congênita ou adquirida, e devem-se a causas pré, peri ou pós-natais. Em crianças, quase 60% das perdas auditivas podem ser evitadas. Quanto mais precoce for o diagnóstico e o início do tratamento melhores os resultados, uma vez que crianças pequenas apresentam grande plasticidade do sistema nervoso central.
Entre as causas congênitas e adquiridas, as infecções são responsáveis por 25% dos casos de surdez.
Sífilis, rubéola, citomegalovírus, toxoplasmose, sarampo, caxumba, infecções do ouvido ou do sistema nervoso central, como as meningites bacterianas, podem causar a surdez. São infecções preveníveis com a vacinação da gestante e/ou da criança, seja pelo Programa Nacional de Imunizações do Sistema Único de Saúde ou pela rede privada.
Outras causas adquiridas como alcoolismo materno, diabetes gestacional e toxemia gravídica podem ser prevenidas por um bom acompanhamento pré-natal e durante o parto. Fatores também relacionados incluem, ainda, casos de surdez na família; nascimento prematuro; baixo peso ao nascer; uso de medicamentos tóxicos ao ouvido pelo recém-nascido.
Tratamento:
A surdez deve ser tratada de acordo com a causa, por meio do acompanhamento médico, com medicamentos, cirurgia e ou uso de aparelhos.
Prevenção:
A detecção precoce de alterações auditivas e a intervenção imediata em crianças com perda auditiva favorecem o desempenho acadêmico, emocional e social. O desenvolvimento da audição, da linguagem e da fala deve ser observado pelos profissionais da saúde e da educação, bem como pelos familiares.
Mesmo não sendo possível evitar todos os danos auditivos, existem algumas atitudes que podem reduzir os riscos, conforme alerta o Ministério da Saúde:
– Evitar barulhos altos: sons acima de 100dB causam danos permanentes em minutos e acima de 125dB, em segundos!
– Usar fones de ouvido com cuidado;
– Tratar infecções adequadamente, com medicações prescritas pelo médico;
– Não usar hastes flexíveis nem colocar objetos pontiagudos, como canetas e grampos, pois, se introduzidos nos ouvidos, podem causar sérias lesões.
Outras recomendações, incluem:
– Realização de acompanhamento pré-natal adequado;
– Uso de equipamentos de proteção para trabalhadores expostos aos riscos ocupacionais provocados pelo ruído;
– Acompanhamento da saúde auditiva dos trabalhadores, por parte das empresas, visando eliminar ou reduzir o ruído no ambiente de trabalho.
No Brasil, desde 2010, a Triagem Auditiva Universal é um direito de todo recém-nascido, garantido pela a Lei Federal nº 12.303. O ”teste da orelhinha”, como é conhecido, deve ser realizado, preferencialmente, nos primeiros dias de vida (24h a 48h), ainda na maternidade e, no máximo, durante o primeiro mês de vida, a não ser em casos em que a saúde da criança não permita sua realização.
O Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez é uma data comemorativa em saúde instituída pela Portaria de Consolidação MS nº 1/2017, art. 527, com os objetivos de educar, conscientizar e prevenir os problemas auditivos na população.
Fontes:
Espaço Aberto: Revista Eletrônica da USP, n. 141, ago. 2012
Ministério da Saúde
Nota Especial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)