20/02 – Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a dependência em drogas lícitas ou ilícitas seja uma doença. O uso indevido de substâncias como álcool, cigarro, crack e cocaína atinge valores culturais, sociais, econômicos e políticos, permeando as diversas classes sociais, faixas etárias, gênero, cor, constituindo-se em uma problemática de saúde pública em escala internacional. De acordo com a OMS, o consumo de drogas ilícitas acomete cerca de 5% da população mundial, entre 15 e 64 anos de idade.
O Relatório Mundial sobre Drogas 2023 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) alerta para crises convergentes à medida que os mercados de drogas ilícitas continuam a se expandir. São destaques do documento:
– Aumento da quantidade de pessoas que usam drogas e a insuficiência de serviços para tratamento e outras intervenções, incluindo o número recorde de pessoas deslocadas devido a crises humanitárias;
– Economia das drogas ilícitas acelera conflitos, violações dos direitos humanos e devastação ambiental;
– Priorização da saúde pública na regulamentação do uso médico de medicamentos controlados;
– Crescente domínio das drogas sintéticas com resultados letais;
– Disparidades e desigualdades, principalmente no acesso e na disponibilidade de medicamentos controlados para uso médico.
A data comemorativa tem o objetivo de alertar e conscientizar a população sobre o mal que as drogas e o álcool trazem, não só ao organismo como também à sociedade. Torna-se fundamental estimular a reflexão sobre o papel das drogas no cotidiano de nosso meio e que medidas de prevenção são essenciais, especialmente considerando a população de jovens em que o uso de substâncias lícitas – como, por exemplo, o álcool – costuma ser uma “porta de entrada” para o uso abusivo de substâncias, pois ainda há abundante publicidade em nosso meio, como forma de estimulação de uma “suposta” imagem de sofisticação, ousadia ou liberdade.
Nesse contexto destaca-se, ainda, a necessidade de estudos e intervenções educativas efetivas de prevenção e promoção em saúde que, de fato, atendam às necessidades dessa população-alvo – os jovens -, levando em conta os diferentes contextos psicossociais, econômicos e culturais que interferem na adoção de comportamentos disfuncionais, que podem levar a graves consequências para o seu futuro desenvolvimento.
O abuso de drogas é um fenômeno complexo, envolvendo fatores de risco, que são aqueles que colocam os indivíduos propensos ao uso abusivo, como baixa autoestima, relações familiares disfuncionais, pobreza, fácil acesso às drogas, baixo rendimento escolar/baixa escolaridade. Por outro lado, fatores de proteção que, ao contrário, diminuem as chances do uso abusivo, tais como: desenvolvimento de habilidades interpessoais, sociais, cognitivas e de conhecimento de sentimentos e emoções devem ser privilegiados nas estratégias de prevenção para redução dos fatores de risco.
De acordo com a Política Nacional sobre Drogas, instituída pelo Decreto nº 9761/2019, entre os anos 2000 e 2015, houve um crescimento de 60% no número de mortes causadas diretamente pelo seu uso, constituindo-se como um grave problema de saúde pública, com reflexos nos diversos segmentos da sociedade.
Serviços de segurança pública, educação, saúde, justiça e assistência social, dentre outros, e os espaços familiares e sociais são repetidamente afetados, direta ou indiretamente, pelas consequências do uso das drogas.
O item 4 da referida Política trata da prevenção e traz como orientação geral:
“A efetiva prevenção ao uso de tabaco e seus derivados, de álcool e de outras drogas é fruto do comprometimento, da cooperação e da parceria entre os diferentes segmentos da sociedade brasileira e dos órgãos da administração pública federal, estadual, distrital e municipal, fundamentada na filosofia da responsabilidade compartilhada, com a construção de redes que visem à melhoria das condições de vida e promoção geral da saúde da população, da promoção de habilidades sociais e para a vida, o fortalecimento de vínculos interpessoais, a promoção dos fatores de proteção ao uso do tabaco e de seus derivados, do álcool e de outras drogas e da conscientização e proteção dos fatores de risco”.
Prevenção:
É muito difícil convencer alguém a não fazer algo que lhe dê prazer; drogas e álcool, antes de qualquer outra coisa, oferecem prazer imediato, e por causarem dependência física, psicológica e síndrome de abstinência, são de difícil tratamento. As ações preventivas devem ser planejadas e direcionadas para o desenvolvimento humano, o incentivo à educação, à prática de esportes, à cultura, ao lazer e a socialização do conhecimento sobre drogas, com embasamento científico.
A política sobre drogas implica, não somente, ações de prevenção para o uso abusivo, mas também, ações para redução da produção e circulação de drogas, bem como ações de reabilitação de pessoas que se tornaram dependentes, quadro com características de maior gravidade para o cuidado.
Para que seja possível prevenir o uso abusivo de drogas, o tema deve estar presente em discussões efetivas em diversos setores da sociedade, de modo a promover reflexões profundas sobre a cultura de guerra/combate às drogas, que há anos vem sendo implementada no país.
Tratamento:
O tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) é disponibilizado através das Unidades de Atenção Básica, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD); atenção hospitalar de referência e componentes da rede de suporte social. Os CAPS atendem indivíduos que apresentam sofrimento psíquico ou transtorno mental. Estão incluídas as necessidades devido ao uso de álcool, drogas ilícitas, entre outras substâncias. O CAPS AD oferece atendimento a todas faixas etárias, atenção integral e continuada, especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas.
O atendimento é realizado por equipes multiprofissionais compostas por médico psiquiatra, clínico geral, psicólogos, dentre outros. De acordo com a necessidade de cada paciente são realizadas terapias multidisciplinares, prescrição de medicamentos e internação. Além de grupos de mútua ajuda como os Alcoólicos Anônimos e os Narcóticos Anônimos.
Fontes:
– MAZZAIA, M. C.; ZIHLMANN, K. F. Escola Paulista de Enfermagem (Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo)
– Rádio Senado
– Telessaúde Sergipe
– VARGAS, Annabelle de Fátima Modesto; CAMPOS, Mauro Macedo. A trajetória das políticas de saúde mental e de álcool e outras drogas no século XX. Ciência & Saúde Coletiva, 24 (3), 2019.