23/11 – Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. Na faixa etária da infância e adolescência os cânceres mais frequentes são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os do sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático – Linfoma de Hodgkin, Linfoma não Hodgkin).
Ocorrem, ainda, o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), o tumor de Wilms (tipo de tumor renal), retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), o tumor germinativo (das células que vão dar origem aos ovários ou aos testículos), o osteossarcoma (tumor ósseo) e os sarcomas (tumores de partes moles).
Câncer pediátrico representa apenas um percentual pequeno (aproximadamente 3%) em relação ao câncer de adultos. Por serem predominantemente de natureza embrionária, tumores na criança e no adolescente são constituídos de células indiferenciadas, o que, geralmente, proporciona melhor resposta aos tratamentos atuais.
As causas de câncer pediátrico são desconhecidas, entretanto, um pequeno número de casos, cerca de 10%, se devem a anormalidades genéticas ou hereditárias.
Assim como nos países desenvolvidos, no Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos.
Nas últimas cinco décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência tem sido muito significativo. A utilização combinada de tratamentos aliada a melhor compreensão da biologia da doença vem aumentando significativamente as taxas de sobrevida dos pacientes.
Hoje, em países desenvolvidos, em torno de 80% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria deles terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado. No Brasil ainda há necessidade de melhorar os resultados, pois muitas crianças chegam ao centro de tratamento com doença avançada.
A manifestação clínica dos tumores infanto-juvenis pode não diferir muito de doenças benignas (sem maior gravidade) comuns nessa faixa etária. Muitas vezes, a criança ou o jovem está em condições razoáveis de saúde no início do adoecimento. Por esse motivo, o conhecimento do médico sobre a possibilidade de ser câncer é fundamental.
Formas de apresentação dos tumores da infância:
– Nas leucemias, pela invasão da medula óssea por células anormais, a criança se torna mais sujeita a infecções, pode ficar pálida, ter sangramentos e sentir dores ósseas.
– No retinoblastoma, um sinal importante é o chamado “reflexo do olho do gato”, embranquecimento da pupila quando exposta à luz. Pode se apresentar, também, por meio de fotofobia (sensibilidade exagerada à luz) ou estrabismo (olhar vesgo). Geralmente acomete crianças antes dos três anos. Atualmente, a pesquisa desse reflexo pode ser feita desde a fase de recém-nascido.
– Aumento do volume ou surgimento de massa no abdômen podem ser sintomas de tumor de Wilms (que afeta os rins) ou neuroblastoma (tumor de sistema nervoso simpático.
– Tumores sólidos podem se manifestar pela formação de massa, visível ou não, e causar dor nos membros. Esse sintoma é frequente, por exemplo, no osteossarcoma (tumor no osso em crescimento), mais comum em adolescentes.
– Tumor de sistema nervoso central tem como sintomas dores de cabeça, vômitos, alterações motoras, alterações de comportamento e paralisia de nervos.
Tratamento:
Pela sua complexidade, o tratamento deve ser feito em centro especializado. Compreende três modalidades principais (quimioterapia, cirurgia e radioterapia), sendo aplicado de forma racional e individualizada para cada tumor específico e de acordo com a extensão da doença.
O tratamento é planejado de acordo com o diagnóstico do tumor, as suas características biológicas e a presença ou não de doença à distância do tumor.
O trabalho coordenado de vários especialistas (oncologistas pediatras, cirurgiões pediatras, radioterapeutas, patologistas, radiologistas, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos) também é determinante para o sucesso do tratamento.
Tão importante quanto o tratamento do câncer em si é a atenção dada aos aspectos sociais da doença, uma vez que a criança ou o adolescente doente devem receber atenção integral, no seu contexto familiar. A cura não deve se basear somente na recuperação biológica, mas também no bem-estar e na qualidade de vida do paciente.
Nesse sentido, deve ser dado suporte psicossocial ao paciente e aos seus familiares desde o início do tratamento.
Prevenção:
Até o momento, não existem evidências científicas que esclareçam a associação entre a doença e os fatores ambientais ou causas externas como, por exemplo, exposição solar, tabagismo ou sedentarismo. Logo, a prevenção dos tumores da infância e adolescência é um desafio para o futuro. A ênfase atual deve ser dada ao diagnóstico precoce e à orientação terapêutica de qualidade.
O Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, celebrado anualmente em 23 de novembro, é uma data comemorativa em saúde instituída pela Lei nº 11.650/2008 com o objetivo geral de estimular ações educativas e preventivas relacionadas ao câncer infantil, debates e eventos em prol das crianças com câncer.
Conteúdo relacionado: INCA – Folheto sobre sinais de alerta do câncer na criança
Fontes:
A.C. Camargo Cancer Center
Grupo de Apoio ao Adolescente e a Criança com Câncer (GRAACC)
Instituto Nacional de Câncer (INCA)
Núcleo de Telessaúde de Sergipe