25/7 – Dia Mundial de Prevenção do Afogamento
Em 2023, a 76ª Assembleia Mundial da Saúde adotou sua primeira resolução sobre prevenção de afogamento. A resolução aceita o convite da Assembleia Geral das Nações Unidas para que a Organização Mundial de Saúde (OMS) coordene as ações dentro do sistema da ONU.
As comemorações do Dia Mundial de Prevenção do Afogamento objetivam aumentar a conscientização sobre a necessidade de prevenir esse tipo de acidente que provoca impacto profundo nas famílias e nas comunidades, com custo humano, social e econômico intoleravelmente alto e totalmente evitável.
A data pretende, ainda, celebrar ações e iniciativas que estão sendo tomadas por organizações em todo o mundo.
Afogamento é a entrada de líquido nas vias aéreas (traqueia, brônquios ou pulmões), causada por afundamento ou mergulho. Provoca falta de oxigênio no sangue afetando todos os órgãos e tecidos. O indivíduo, sobrevivendo ou não, será considerado como vítima de um episódio de afogamento.
Dados sobre afogamento:
– Os afogamentos são a terceira causa de morte acidental e representam quase 8% do total de mortes globais. Mais de 90% destas mortes ocorrem em países de baixo e médio rendimento.
– Houve 236 mil mortes em 2019, sem contabilizar as mortes por afogamento intencional (homicídio e suicídio), por afogamento em catástrofes com inundações (eventos cada vez mais comuns com as mudanças climáticas) ou os que ocorrem em acidentes no transporte aquático (exemplo: transporte irregular de refugiados, além da subnotificação em vários países).
– É uma das principais causas de mortalidade infantil em vários países, estando entre as 10 principais causas de morte em todo o mundo para crianças de 5 a 14 anos.
– Mais da metade das vítimas tem menos de 25 anos, com predomínio do sexo masculino. São considerados fatores de risco: falta de barreiras de acesso em reservatórios de água, falta de supervisão adequada, uso de álcool ou drogas ou outros comportamentos de risco na água, algumas condições médicas como epilepsias, algumas arritmias, autismo, entre outras.
– No Brasil, a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa) estima que ocorram 15 mortes por dia por afogamento – o que significa um brasileiro morrendo afogado a cada 90 minutos. A região Norte do país concentra a maior taxa de mortalidade por essa causa.
Além das mortes, o afogamento constitui importante causa de morbidade: sequelas neurológicas, como estado vegetativo persistente ou tetraplegia espástica, ocorrem em 5-10% dos casos de afogamento na infância.
Para marcar o Dia Mundial de Prevenção do Afogamento deste ano, a OMS continuará a se concentrar na conscientização sobre o problema, como uma questão de saúde pública, lembrando às pessoas que qualquer um pode se afogar, mas que ninguém deve.
A Organização vem se esforçando para conscientizar sobre as seis intervenções de prevenção de afogamento, de baixo custo, baseadas em evidências e que países e organizações podem usar para reduzir drasticamente o risco desse acidente. Incluem:
– Instalar barreiras que controlem o acesso à água;
– Construir creches para crianças em idade pré-escolar e outras instituições de cuidados infantis seguras, longe da água;
– Ensinar natação, segurança na água e habilidades de resgate;
– Fazer treinamentos em resgate e ressuscitação seguros;
– Definir e fazer cumprir os regulamentos de navegação segura;
– Melhorar a gestão do risco de inundação.
Medidas de prevenção:
– Qualquer reservatório de líquidos (baldes, bacias, banheiras, tanques) deverá ser esvaziado após uso.
– Conservar a tampa do vaso sanitário fechada, se possível lacrado com algum dispositivo de segurança “à prova de criança” ou manter a porta do banheiro trancada.
– Manter cisternas, tonéis, poços e outros reservatórios domésticos trancados ou com alguma proteção que não permita “mergulhos”.
– Nunca ingerir álcool ou outras drogas à beira de piscinas, lagos, rios ou em embarcações.
– Ler e respeitar avisos de segurança em locais públicos como praias.
– Procurar locais onde haja salva-vidas, e não mergulhar em águas turvas.
– Procurar nadar longe de cais, embarcações, rochas e correntezas. Em lagoas e represas geralmente se desconhece sua profundidade e a existência de eventuais buracos.
– Piscinas e similares devem ser adequadamente cercadas (1,5m de altura e espaço entre grades menor ou igual a 12 cm) e de preferência com portão e tranca. A presença de brinquedos dentro da piscina deve ser evitada.
– Ao construir a piscina residencial deve-se obedecer às normas técnicas de segurança, tais como a profundidade permitida.
– Aprender habilidades básicas de natação e segurança na água reduz muito o risco de afogamento. Isto é particularmente importante para crianças com 6 anos ou mais. A natação não é apenas uma habilidade para toda a vida, mas também é uma ótima maneira de se manter em forma e ativo.
– Aprender a realizar resgate e reanimação pode salvar vidas. A sobrevivência após o afogamento melhora muito se a ressuscitação cardiopulmonar (RCP) for realizada assim que a pessoa for retirada da água. Garanta sua própria segurança ao realizar resgate participando de programas de treinamento que ensinam técnicas de resgate seguras.
– Certificar-se sempre de que as crianças sejam constantemente supervisionadas por um adulto responsável quando estiverem perto da água. Seja perto de um lago, rio, praia, piscina ou banheira, a supervisão de um adulto é necessária para garantir que as crianças possam desfrutar da água com segurança. É fundamental que os adultos supervisionados permaneçam vigilantes e evitem distrações para que possam responder rapidamente se uma criança precisar de ajuda.
– Usar um colete salva-vidas o tempo todo ao viajar sobre a água é importante para pessoas com todos os níveis de habilidade de natação. Os coletes salva-vidas são um dos artigos mais importantes do equipamento de segurança ao entrar na água e existem designs adequados para praticamente todos os tipos de atividades.
– Preparar-se para possíveis emergências ao viajar sobre a água, verificando a previsão do tempo antes de deixar a costa. Certificar-se de ter acesso a equipamentos de segurança de qualidade, como coletes salva-vidas e dispositivos de flutuação arremessáveis e certificar-se, ainda, de que o barco seja inspecionado e reparado regularmente.
– Nunca desafiar seus próprios limites.
Fontes:
Agência Brasil
Centro de Informação Europeia Jacques Delors (Eurocid)
International Life Saving Federation (ILSF)
Manual de Emergências Aquáticas (SOBRASA)
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)
Sociedade de Pediatria de São Paulo