“Tabagismo: os danos para a gestante e para o bebê” : 29/8 – Dia Nacional de Combate ao Fumo


 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o tabagismo um grave problema de saúde individual e pública e a principal causa de morte evitável no mundo, com dados alarmantes: o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, sendo 7 milhões pelo uso direto da substância e 1,2 milhão de não-fumantes, expostos ao fumo passivo.

No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas morram todos os anos em decorrência do fumo. Diante desse cenário preocupante, a Lei nº 7488/1986 instituiu 29 de agosto como ‘Dia Nacional do Combate ao Fumo’, com o objetivo de conscientizar sobre os riscos do tabaco e de outras formas derivadas da nicotina, bem como para reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco.

A campanha do Dia Nacional de Combate ao Fumo 2024 tem como tema “Tabagismo: os danos para a gestante e para o bebê”, chamando a atenção para a necessidade de proteção das gestantes e das crianças contra os malefícios do uso de tabaco e do tabagismo passivo.

A importância do tema escolhido está em assegurar o direito à saúde de crianças, adolescentes, jovens, mulheres e gestantes, assim como da população em geral, em consonância com o compromisso que o Brasil assumiu ao ratificar a Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco.

Monitorar o uso de tabaco durante a gravidez é fundamental para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para as próximas gerações.

Segundo a médica pneumologista e Referência Técnica Distrital (RTD) de tabagismo, Nancilene Melo, “vivemos uma pandemia de tabaco e seus derivados há muitos anos. Ele é a maior causa de adoecimento e morte evitável no mundo, além de onerar os custos com os tratamentos de saúde. ”

Embora as consequências sejam graves e conhecidas, parar de fumar não é fácil. A nicotina é uma droga cuja dependência é uma das mais difíceis de tratar. “O sucesso do tratamento depende do grau de motivação e determinação da pessoa. Em casos específicos, é necessário o auxílio de profissionais especializados na abordagem cognitivo comportamental e medicamentos para alívio da síndrome de abstinência”, explica a especialista.

Nicotina

O tabaco é uma planta cujas folhas são utilizadas na confecção de diferentes produtos que têm como princípio ativo a nicotina, substância responsável por provocar a dependência. Há diversos produtos derivados de tabaco, como cigarro, charuto, cachimbo, cigarro de palha, tabaco para narguilé, dispositivos eletrônicos para fumar e outros.

De 7 a 19 segundos após ser absorvida, a nicotina atinge o cérebro liberando substâncias químicas para a corrente sanguínea, levando a uma sensação de prazer e bem-estar.

Essa sensação de prazer faz com que os fumantes usem o cigarro várias vezes ao dia, notadamente em situações de estresse, para “relaxar”.

Não existe uma quantidade segura para o consumo de cigarro ou de outros derivados do tabaco. Somente na fumaça desse produto, por exemplo, são encontradas mais de 4700 substâncias tóxicas, algumas cancerígenas.

O alcatrão e a nicotina são exemplos. Esta última, age como estimulante do sistema nervoso central, eleva a pressão sanguínea e a frequência cardíaca, diminui o apetite e desencadeia náusea e vômito. Já o alcatrão, formado por várias substâncias, está ligado a doenças cardiovasculares e câncer, entre outras.

Atualmente, com o advento dos dispositivos eletrônicos, a agressividade da nicotina é mascarada por meio de aromatizantes e saborizantes, permitindo o consumo de uma dosagem elevada, que leva a efeitos negativos à saúde dos usuários ainda mais precocemente.

O tabagismo pode desencadear cerca de 50 problemas de saúde, dentre os quais:

– Infarto do miocárdio;
– Enfisema pulmonar;
– Derrame;
– Câncer de pulmão, traqueia, laringe e brônquios;
– Impotência sexual no homem;
– Infertilidade na mulher;
– Hipertensão;
– Diabetes.

Estima-se que 90% das pessoas que desenvolvem câncer de pulmão apresentem como fator responsável o fumo, sendo importante destacar que as chances de cura para essa doença são bastante baixas.

Consequências indiretas do cigarro

O tabagismo passivo, ou seja, a exposição de pessoas não-fumantes à poluição do ambiente causada pela fumaça ou vapor do tabaco aumenta as chances de que apresentem as mesmas doenças das fumantes.

As crianças têm maior risco de infecções respiratórias, otites de repetição, asma brônquica, perda da função pulmonar e morte nos primeiros anos de vida, além de câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica na vida adulta. As gestantes que fumam têm risco aumentado de complicações da gravidez (abortos, partos prematuros, descolamento prematuro da placenta) e de danos para o bebê, como baixo peso ao nascimento, morte súbita infantil, comprometimento da inteligência e do comportamento e dificuldade de aprendizagem escolar.

Além dos danos à saúde causados pelo tabagismo e pelo tabagismo passivo, as substâncias da fumaça do cigarro podem contaminar o ambiente após o cigarro ser apagado. É o chamado tabagismo terciário.

Os componentes da fumaça do cigarro se acumulam na poeira e em superfícies, como: móveis, assoalhos, carpetes, paredes, cortinas, roupas, estofamentos de carros e depois se dissipam no ar ambiente. Apesar de apresentarem concentrações menores, esses poluentes são os mesmos encontrados no tabagismo passivo e aumentam o risco de doenças respiratórios e até câncer, especialmente entre as crianças, que são mais vulneráveis.

 

Instituto Nacional de Câncer (INCA) é o órgão responsável pelo Programa de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer, cujo objetivo é reduzir a prevalência do fumo e a morbimortalidade relacionada ao tabagismo no Brasil. Dados do Instituto mostram que 10% dos fumantes chegam a reduzir sua expectativa de vida em 20 anos.

E os malefícios acontecem em todo o ciclo de produção do tabaco. Por essa razão, e no intuito de diminuir a produção e a comercialização de tabaco no mundo, a OMS preconiza ações relativas a cada uma dessas etapas. A Convenção Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), aprovada em 2003 e vigorando desde 2005, tem o objetivo de tornar o mundo livre do tabaco e difundir essas ações.

Para facilitar a implantação da CQCT, foi proposto um conjunto de ações denominado MPOWER. A sigla refere-se às palavras em inglês: Monitoring (monitorando a epidemia), Protecting (protegendo a população da fumaça do tabaco), Offering (oferecendo ajuda para deixar de fumar), Warning (advertindo sobre os perigos do tabaco), Enforcing (fazendo cumprir a proibição da publicidade, promoção e patrocínio) e Raising (aumentando impostos dos produtos do tabaco).

Assim, a intervenção nas diferentes etapas da produção do tabaco, que também trazem prejuízos à saúde para populações vulneráveis – como crianças e adolescentes que trabalham no cultivo do fumo em países de baixa renda –, tem sido alvo de políticas públicas em todo o mundo na tentativa de diminuir os males trazidos pelo tabaco desde o início do seu ciclo de produção.

Em relatório da OMS há destaque para o Brasil e a Turquia como os dois únicos países no mundo que implementaram todas as medidas MPOWER no seu mais alto nível.

A versão em português do MPOWER está disponível aqui! 

 

A cessação do tabagismo só traz benefícios

– O risco de doenças diminui gradativamente e o organismo dos ex-fumantes se restabelece.
– Após 20 minutos do último cigarro, a pressão sanguínea diminui, as batidas cardíacas voltam ao normal e a pulsação cai.
– Após 8 horas sem cigarro, o nível de oxigênio no sangue pode chegar aos níveis de uma pessoa não-fumante.
– Após 24 horas, os pulmões já conseguem eliminar o muco e os resíduos da fumaça.
– Dois dias depois, é possível sentir melhor o cheiro e o gosto das coisas.
– O corpo já não tem nicotina e a transpiração deixa de exalar a tabaco.
– Após duas semanas, ocorre melhora da circulação, da tosse, da congestão nasal, da fadiga e da falta de ar.
– Após um ano, o risco de doença cardíaca cai pela metade.
– Após 5 anos, o risco de ter câncer de pulmão também reduz 50%.
– Após 15 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao de uma pessoa que nunca fumou.

 

Fontes:

Associação Médica Brasileira
Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS)
ELIAS, A. et al. Abordagem e tratamento do tabagismo. Florianópolis, SES/SC, 2021
Instituto Nacional de Câncer (INCA)
Secretaria de Saúde do Distrito Federal
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

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