06/4 – Dia Nacional de Mobilização pela Promoção da Saúde e Qualidade de Vida
No dia 6 abril é celebrado o Dia Nacional de Mobilização pela Promoção da Saúde e Qualidade de Vida. Importante data com o objetivo de lembrar a importância de promover uma rotina de vida que permita a inclusão de hábitos saudáveis.
O conceito de saúde já foi revisado algumas vezes e hoje não é mais concebido como simples ausência de doenças. Hoje em dia também se consideram outras dimensões do ser humano, como espiritual, social, ocupacional e outras. Qualidade de Vida também é um conceito controverso. Atualmente aceita-se que há uma subjetividade no que cada indivíduo considera como qualidade de vida, mas que existem elementos básicos para uma vida de qualidade. Aspectos como boas condições de trabalho e de lazer, boas relações interpessoais, segurança, acesso a condições básicas de saúde, educação, mobilidade e outros são considerados fundamentais.
As escolhas das pessoas em relação aos alimentos, à atividade física e ao consumo de álcool e tabaco foram influenciadas por forças que estão além do controle individual, geralmente por pressão da indústria e do comércio respectivo. Percebe-se que hábitos pouco saudáveis estão cada vez mais enraizados no dia a dia das pessoas que estão imersas num ambiente que sabota a qualidade de vida, principalmente daquelas que vivem nos grandes centros urbanos.
A Agenda 2030, plano de ação global da Organização das Nações Unidas – ONU para promover desenvolvimento sustentável e vida digna a todos, tem objetivos e metas que dialogam diretamente com a necessidade de ações localizadas que abordem a qualidade de vida de forma integrada à educação, à pobreza, à saúde, ao acesso a bens e serviços públicos, à garantia de direitos para criar condições de vida que possibilitem às pessoas fazerem escolhas favoráveis à saúde.
Assim, temos visto que os países têm elaborado projetos para tornar escolhas saudáveis mais acessíveis à população como um todo. Atualmente, há evidências de sobra de que alimentos com altas taxas de gorduras trans e saturadas, sal e açúcar em excesso, obesidade e sedentarismo estão diretamente relacionados ao aumento de casos de DCNT (doenças crônicas não transmissíveis). No Brasil, essas doenças constituem o problema de saúde de maior magnitude e correspondem a cerca de 70% das causas de mortes, atingindo fortemente camadas pobres da população e grupos mais vulneráveis, como a população de baixa escolaridade e renda, segundo o Plano de Ações Estratégicas para o enfrentamento das DCNT no Brasil, 2011-2022.
Macro ações em nível governamental são essenciais para o alcance do objetivo de tornar saúde e qualidade de vida acessíveis a toda a população, porém, não menos importantes são as ações em níveis localizados ou até mesmo as ações individuais. Por isso, é importante a conscientização das pessoas para que busquem estilos de vida mais saudáveis. Em instituições privadas e órgãos públicos, as iniciativas para promover saúde e qualidade de vida vêm crescendo e sendo inclusive consideradas pontos estratégicos para o alcance de resultados. Grandes empresas dispensam especial atenção ao bem-estar de seus funcionários, pois houve a percepção de que as pessoas se tornam mais engajadas, trabalham e produzem melhor quando têm melhor qualidade de vida.
Promoção da saúde é um processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo.
Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente.
Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global. (Carta de Ottawa, 1986).
A promoção da saúde tem como meta a qualidade de vida e seus princípios norteadores são a equidade, a paz e a justiça social. De acordo com a citada Carta, a promoção da saúde contempla 5 amplos campos de ação:
– implementação de políticas públicas saudáveis;
– criação de ambientes saudáveis;
– capacitação da comunidade;
– desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas;
– reorientação dos serviços de saúde.
No Sistema Único de Saúde (SUS), a estratégia de promoção da saúde é retomada como uma possibilidade de enfocar os aspectos que determinam o processo saúde-adoecimento em nosso País – como, por exemplo: violência, desemprego, subemprego, falta de saneamento básico, habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade de acesso à educação, fome, urbanização desordenada, qualidade do ar e da água ameaçada e deteriorada; e potencializam formas mais amplas de intervir em saúde.
Propõe-se, então, que as intervenções em saúde ampliem seu escopo, tomando como objeto os problemas e as necessidades de saúde e seus determinantes e condicionantes, de modo que a organização da atenção e do cuidado envolva, ao mesmo tempo, as ações e os serviços que operem sobre os efeitos do adoecer e aqueles que visem ao espaço para além dos muros das unidades de saúde e do sistema de saúde, incidindo sobre as condições de vida e favorecendo a ampliação de escolhas saudáveis por parte dos sujeitos e das coletividades no território onde vivem e trabalham.
Fontes:
Marcella Bittencourt e Adriana Cruz: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios – TJDFT
Ministério da Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde
Organização das Nações Unidas