17/11 – Dia Nacional de Combate ao Câncer de Próstata
As campanhas de conscientização sobre o câncer de próstata ocorrem em vários países e em datas distintas, porém, concentram-se principalmente em incentivar a população masculina a tomar medidas preventivas para a saúde da próstata, a fim de evitar o risco de adoecimento por esse tipo de câncer.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), coordena as atividades do Dia Nacional de Combate ao Câncer de Próstata, comemorado em 17 de novembro, anualmente.
Pesquisa realizada pela SBU sobre a percepção do homem sobre sua saúde revela que apenas 32% dos acima de 40 anos se consideram muito preocupados com a sua própria saúde e que 46% deles só vão ao médico quando sentem algo. Esse número aumenta para 58% se este homem utiliza apenas o Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar do descaso, metade deles tem medo ou ansiedade quando pensam em sua saúde.
Entre as doenças urológicas que os homens têm mais medo, o câncer ficou na frente, com 58% das respostas, seguido pela impotência sexual (37%). O exame de toque retal ainda desperta medo em 1 a cada 7 homens, sendo esse receio mais prevalente entre os homens 60+ e nos provenientes do Centro-Oeste. A região também se destaca por ter a maior concentração de homens com medo de ter câncer (64%) e disfunção erétil (43%).
Enquanto 75% dos homens afirmaram conhecer o câncer de próstata, 85% disseram não conhecer ou não saber os sintomas da doença. O percentual de desconhecimento é maior entre os que utilizam apenas o SUS (62%).
De acordo com dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS), do Ministério da Saúde, de janeiro a julho de 2023 houve 21.803 internações devido ao câncer de próstata. A Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para a doença é de 71.730 novos casos anuais para o triênio 2023/2025. Em 2022 foram 16.292 óbitos por esse tipo de câncer, de acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, ou seja, média de 44 mortes por dia.
No País, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não melanoma). Em valores absolutos e considerando ambos os sexos, é o segundo tipo mais comum.
A próstata é uma glândula que só os homens possuem e que se localiza na parte baixa do abdômen. É um órgão pequeno, em forma de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto (parte final do intestino grosso). A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. A glândula produz parte do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozoides, liberado durante o ato sexual.
Fatores de risco:
– Idade: o risco aumenta significativamente após os 50 anos, de acordo com o Instituto Oncoguia.
– Histórico familiar: homens com parentes de primeiro grau que tiveram câncer de próstata têm mais probabilidade de desenvolver a doença.
– Etnia: homens negros têm maior incidência e taxas de mortalidade mais elevadas, o que requer atenção especial.
– Estilo de vida: hábitos como alimentação rica em gorduras saturadas, sedentarismo e obesidade também estão associados a um risco aumentado de câncer de próstata.
– Exposição a aminas aromáticas – substâncias comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio – arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas, está associada ao câncer de próstata.
Sinais e sintomas:
Em sua fase inicial, o câncer da próstata tem evolução silenciosa. Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata (dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite). Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal.
Tratamento:
A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após médico e paciente discutirem os riscos e benefícios de cada um.
Para doença localizada (que só atingiu a próstata e não se espalhou para outros órgãos), cirurgia, radioterapia e até mesmo observação vigilante (em algumas situações especiais) podem ser oferecidos. Para doença localmente avançada, radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal têm sido utilizados. Para doença metastática (quando o tumor já se espalhou para outras partes do corpo), o tratamento mais indicado é a terapia hormonal.
Detecção precoce e prevenção:
Diagnosticar precocemente o câncer de próstata é uma estratégia que permite encontrar um tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento bem-sucedido, com índices de cura que podem ultrapassar 90%.
A detecção precoce pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais, endoscópios ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou de pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.
No caso do câncer de próstata, esses exames são o toque retal e o exame de sangue para avaliar a dosagem do PSA (antígeno prostático específico, na sigla em inglês).
Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de próstata traga mais benefícios do que riscos. Portanto, o INCA não recomenda a realização de exames de rotina com essa finalidade. Caso os homens busquem ativamente o rastreamento desse tipo de tumor, o Instituto recomenda, ainda, que eles sejam esclarecidos sobre os riscos envolvidos.
Já o diagnóstico precoce desse tipo de câncer possibilita melhores resultados no tratamento e deve ser buscado com a investigação de sinais e sintomas como:
– Dificuldade de urinar;
– Diminuição do jato de urina;
– Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite;
– Presença de sangue na urina.
Na maior parte das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados.
A SBU recomenda que homens a partir de 50 anos, mesmo sem apresentar sintomas, devem procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada tendo como objetivo o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Os homens que integrarem o grupo de risco devem começar seus exames mais precocemente, a partir dos 45 anos.
“A incorporação de bons hábitos de vida, ter conhecimento sobre o histórico familiar, os problemas mais prevalentes em cada faixa etária, reconhecendo aspectos que não vão bem com uma boa saúde e que podem ser modificados, como sedentarismo, tabagismo, sobrepeso, consumo de drogas, o excesso da ingestão de álcool, o sexo desprotegido, bem como diagnosticar doenças que muitas vezes são silenciosas, como hipertensão, diabetes e o próprio câncer de próstata, por exemplo, estão entre as medidas mais importantes para se ter uma longevidade ativa, com independência e satisfação. Por isso a SBU vem nesse ano incentivar ainda mais os homens para que busquem essas metas” (Dra. Karin Jaeger Anzolch, diretora de comunicação da SBU).
No entanto, o combate ao preconceito e ao medo que muitos homens ainda têm em relação aos exames é um desafio que deve ser enfrentado com campanhas educativas.
Fontes:
Instituto Nacional do Câncer (INCA)
Instituto Oncoguia
Pace Hospital (Índia)
Rede Santa Catarina (SP)
Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)