OPAS anuncia que Região das Américas perdeu a certificação de livre de transmissão endêmica do sarampo

A decisão segue a conclusão da Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação para a Eliminação do Sarampo, Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que se reuniu na Cidade do México de 4 a 7 de novembro de 2025 para revisar a situação epidemiológica em toda a região. O Diretor da OPAS, Dr. Jarbas Barbosa, recebeu e concordou com o relatório da Comissão, que indica que a transmissão endêmica do sarampo foi restabelecida no Canadá, onde o vírus circula há pelo menos 12 meses.
Como resultado, as Américas, que foram a primeira região do mundo a eliminar o sarampo duas vezes, perderam agora a certificação de região livre da doença. Todos os outros países continuam a manter a status de região livre do sarampo.
“Essa perda representa um revés, mas também é reversível”, disse o Dr. Barbosa. “Enquanto o sarampo não for eliminado em todo o mundo, nossa região continuará enfrentando o risco de reintrodução e disseminação do vírus entre populações não vacinadas ou com vacinação incompleta. No entanto, como já demonstramos, com compromisso político, cooperação regional e vacinação contínua, a região pode interromper a transmissão e recuperar essa conquista coletiva. ”
Situação atual
Em 7 de novembro de 2025, foram relatados 12.596 casos confirmados de sarampo em dez países (aproximadamente 95% dos casos da região no Canadá, México e Estados Unidos), um aumento de 30 vezes em comparação com 2024. Vinte e oito mortes foram registradas: 23 no México, 3 nos Estados Unidos e 2 no Canadá.
Surtos ativos estão em curso no Canadá, México, Estados Unidos, Bolívia, Brasil, Paraguai e Belize, desencadeados principalmente por casos importados. A transmissão afetou majoritariamente comunidades com baixa cobertura vacinal, com 89% dos casos ocorrendo em indivíduos não vacinados ou com estado vacinal desconhecido. Crianças menores de 1 ano são as mais afetadas, seguidas por aquelas com idade entre um e quatro anos.
O surto de sarampo no Canadá começou em outubro de 2024 na província de New Brunswick e desde então se espalhou por todo o país, com mais de 5.000 casos confirmados relatados em todo o território nacional. Embora em declínio, a transmissão persiste em Alberta, Colúmbia Britânica, Manitoba e Saskatchewan.
O sarampo é altamente contagioso. Uma única pessoa infectada pode transmiti-lo para até 18 outras. Complicações graves podem incluir pneumonia, encefalite, cegueira e morte. Surtos também perturbam a vida cotidiana e exercem pressão adicional sobre os sistemas de saúde.
A vacinação continua sendo o meio mais eficaz de proteção. Nos últimos 25 anos, a vacina contra o sarampo evitou mais de seis milhões de mortes nas Américas — e estima-se que tenha evitado 15 milhões de mortes nos últimos 50 anos.
No entanto, em 2024, a cobertura regional da segunda dose da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (SCR2) foi, em média, de 79% — bem abaixo dos 95% necessários para prevenir surtos. Além disso, apenas 31% dos países atingiram 95% ou mais de cobertura para a primeira dose, e somente 20% alcançaram esse nível para a segunda dose.
Resposta e recomendações da OPAS
A OPAS continua a fornecer apoio técnico aos países para fortalecer a vigilância, o diagnóstico laboratorial, a resposta a surtos e as campanhas de vacinação. Especialistas foram enviados ao México, à Argentina e à Bolívia, e a organização está monitorando os riscos em Belize, no Brasil e no Paraguai.
O Dr. Barbosa enfatizou: “Cada caso que prevenimos, cada surto que controlamos, salva vidas, protege famílias e torna as comunidades mais saudáveis. Hoje, em vez de lamentarmos a perda do status regional, apelamos a todos os países para que redobrem os seus esforços no sentido de reforçar as taxas de vacinação, a vigilância e a resposta atempada a casos suspeitos, alcançando todos os cantos das Américas. Como região, eliminamos o sarampo duas vezes. Podemos fazê-lo uma terceira vez. ”
Para recuperar a certificação como livre do sarampo, um país deve demonstrar a interrupção da transmissão endêmica por pelo menos 12 meses consecutivos, comprovada por dados abrangentes de vacinação, vigilância e resposta a surtos.
Obs.: Em novembro de 2024, o Brasil recebeu a recertificação de eliminação da circulação endêmica do sarampo, concedida pela Organização Pan-Americana da Saúde. Casos esporádicos, como os descritos, não comprometem a manutenção dessa certificação.
Informações sobre o sarampo estão disponíveis aqui!
Fonte:
