“Vamos acabar com a gravidez na adolescência” : 16 a 22/9 – Semana Latino-Americana de Prevenção da Gravidez na Adolescência
A Semana Latino-Americana de Prevenção da Gravidez na Adolescência 2024 acontece de 16 a 22 de setembro e o tema deste ano é “Vamos acabar com a gravidez na adolescência”. A campanha objetiva reafirmar os compromissos internacionais para melhorar o acesso dos adolescentes aos serviços de saúde sexual e reprodutiva.
A gravidez na adolescência é um fenômeno global com causas claramente conhecidas e graves consequências para a saúde, a sociedade e a economia. Globalmente, a taxa de natalidade entre adolescentes diminuiu, mas os índices de mudança têm sido desiguais entre as regiões e dentro dos próprios países.
A gravidez na adolescência tende a ser maior em pessoas com menor escolaridade ou baixo nível econômico. Além disso, o progresso na redução dos primeiros nascimentos de mães adolescentes é mais lento nestes e noutros grupos vulneráveis, conduzindo a uma desigualdade crescente.
O casamento infantil e o abuso sexual de meninas colocam-nas em maior risco de gravidez, muitas vezes indesejada. Em muitos lugares, as barreiras à obtenção e à utilização de contraceptivos impedem que os adolescentes evitem gravidezes indesejadas.
Magnitude do problema
Todos os anos, cerca de 21 milhões de adolescentes entre 15 e 19 anos engravidam nas regiões em desenvolvimento e destes, aproximadamente 12 milhões dão à luz.
Embora tenham ocorrido declínios em todas as regiões, a África Subsaariana e a América Latina e Caribe continuam a ter as taxas mais elevadas em nível mundial, com 97,9 e 51,4 nascimentos por 1.000 mulheres, respetivamente, em 2023.
As estratégias e intervenções relacionadas à gravidez na adolescência têm focado na prevenção da gravidez. No entanto, está sendo dada cada vez mais atenção à melhoria do acesso das adolescentes grávidas e dos pais a cuidados maternos de qualidade.
No Brasil, a gravidez na adolescência tem sido objeto de debate, de investigação e de políticas públicas em razão de seus altos índices, além de trazer impacto social e riscos de prematuridade, anemia, aborto espontâneo, eclampsia, depressão pós-parto, entre outros.
Dados indicam que, apesar da diminuição nos números, o Brasil ainda enfrenta altos índices de gravidez na adolescência. Essa realidade impacta não apenas a saúde das jovens, mas também o acesso à educação e a oportunidades profissionais. De acordo com um estudo do Ministério da Saúde, divulgado em 2020, naquele ano, cerca de 380 mil partos foram de mães com até 19 anos de idade, o que correspondeu a 14% de todos os nascimentos no Brasil.
A pesquisa também apontou que, entre os nascidos vivos de adolescentes grávidas, em 2020, a maior concentração está nas regiões Norte (21,3%) e Nordeste (16,9%), seguido por Centro-Oeste (13,5%), Sudeste (11%) e Sul (10,5%).
No recorte étnico, do total de nascidos vivos de mães indígenas, 28,2% foram de mães adolescentes. Entre as mulheres pardas que se tornaram mães, 16,7% dos bebês nasceram de adolescentes, e entre os partos de mulheres pretas, 13% foram de adolescentes. Já entre os nascidos de mães brancas, 9,2% eram adolescentes.
Impactos
Além de estar sujeita a maior ocorrência de complicações, como abortamento, diabetes gestacional, parto prematuro e depressão pós-parto, a gravidez na adolescência repercute negativamente na formação educacional das jovens, com elevado índice de abandono do recém-nascido – em vez da entrega voluntária para adoção – ou de interrupção dos estudos, refletindo-se de forma desfavorável em sua condição social e econômica e dificultando a sua inserção no mercado de trabalho.
De acordo com a Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a gravidez na adolescência é um fenômeno que abrange diversas faces da experiência humana e está diretamente ligada ao contexto sociocultural, econômico e político, além das dimensões étnicas, raciais e de gênero. Essa realidade exerce um impacto direto sobre a autoestima e a saúde mental das jovens adolescentes que se tornam mães, podendo ocasionar riscos para elas e também para os recém-nascidos, como frustrações, silenciamento, invalidação de sentimentos, invisibilidade, medos e inquietações.
Além disso, outros fatores podem ser observados no contexto da gravidez precoce, como a ausência de amamentação por quaisquer motivos; a omissão ou recusa do pai biológico ou parceiro pela responsabilidade da paternidade; a falta de rede de apoio; o uso de álcool e outras drogas; episódios de violência intrafamiliar; e a rejeição por parte da família.
Prevenção da gravidez na adolescência:
Um dos mais importantes fatores de prevenção é a educação. Educação sexual integrada e compreensiva faz parte da promoção do bem-estar de adolescentes e jovens ao realçar a importância do comportamento sexual responsável, o respeito pelo/a outro/a, a igualdade e equidade de gênero, assim como a proteção da gravidez inoportuna, a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis/HIV, a defesa contra violência sexual incestuosa, bem como outras violências e abusos.
Organizações internacionais como a OMS e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) orientam que os guias metodológicos e operacionais sejam fundamentados em princípios e valores dos direitos humanos e sexuais, sem distinção étnica, de gênero, religiosa, econômica ou social, com o uso de informações exatas e cuidadosas, cientificamente comprovadas.
A garantia de desenvolvimento integral na adolescência e juventude é uma responsabilidade coletiva que precisa unir família, escola e sociedade para articular-se com órgãos e instituições, públicas e privadas na formulação de políticas públicas de atenção integral à saúde em todos os níveis de complexidade, embasando-se em situações epidemiológicas, indicadores e demandas sociais, respeitando os princípios do Sistema Único de Saúde.
Como parte das ações da campanha da Semana Latino-Americana de Prevenção da Gravidez na Adolescência, a OPAS promoverá o Seminário Virtual: Anticoncepción en la adolescência.
O evento ocorrerá no dia 21 de setembro de 2024 às 10:00h (AM EDT) e haverá interpretação simultânea em espanhol e inglês.
Mais informações estão disponíveis no site da OPAS e as inscrições podem ser feitas aqui!
Fontes:
Agência Gov/EBC
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
Ministério da Saúde
Organização Mundial da Saúde (OMS)
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)
Sociedade Brasileira de Pediatria