06/11 – Dia da Malária nas Américas
O Dia da Malária nas Américas, observado em 6 de novembro, oferece uma oportunidade para os países da Região incentivarem a participação e fortalecerem o comprometimento de vários atores e partes interessadas na luta contra a malária.
Causada pelo parasita Plasmodium, a malária é uma doença fatal, transmitida pela picada de um mosquito infectado. Todos os anos, cerca de 250 milhões de pessoas são infectadas, resultando em aproximadamente 1 milhão de mortes em todo o mundo.
Quase que a cada minuto, uma criança morre de malária, que pode ser causada por uma única picada do mosquito transmissor – uma doença prevenível e tratável – por exemplo, utilizando um mosquiteiro preparado com inseticida é possível salvar vidas, bem como outras ferramentas de prevenção e tratamento.
A malária afeta desproporcionalmente aqueles que estão em maior risco por outros grandes desafios globais: pobreza, crise de refugiados, mudanças climáticas e desigualdades galopantes no acesso a serviços de saúde de qualidade – uma injustiça histórica que reflete as desigualdades na sociedade. Mulheres grávidas, crianças e pessoas deslocadas são as mais vulneráveis.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), Brasil, Colômbia e República Bolivariana da Venezuela respondem por mais de 86% do total de casos da região das Américas.
A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários do tipo Plasmodium, transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles, também conhecido como “mosquito prego”. Existem mais de cem tipos de plasmódio, mas, dentre os que infectam o homem, quatro são os mais importantes: Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale.
A malária também é conhecida como impaludismo, paludismo, febre palustre, febre intermitente, febre terçã benigna, febre terçã maligna, além de nomes populares como maleita, sezão, tremedeira, batedeira ou febre. Qualquer pessoa pode contraí-la. Indivíduos que já tiveram vários episódios da doença podem atingir um estado de imunidade parcial, apresentando poucos ou mesmo nenhum sintoma. Porém, uma imunidade esterilizante, que confere total proteção clínica, até hoje não foi observada. Caso não seja tratado adequadamente, o indivíduo pode ser fonte de infecção por meses ou anos, de acordo com a espécie parasitária que o picou.
No Brasil, a maioria dos casos se concentra na região amazônica, composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Na região extra-amazônica, composta pelas demais unidades federativas, apesar das poucas notificações, a doença não pode ser negligenciada, pois a letalidade é maior.
No País, a ocorrência é fundamentalmente rural, porém, na periferia de áreas urbanas, principalmente em municípios da região amazônica, inclusive de grandes cidades, vem ocorrendo transmissão da doença, essencialmente em áreas com ocupações irregulares, sem saneamento básico e infraestrutura, o que propicia a proliferação do vetor.
Transmissão:
A transmissão pode ocorrer pela picada do mosquito, por transfusão de sangue contaminado, através da placenta (congênita) para o feto ou por meio de seringas infectadas. Após a picada do mosquito contaminado, os parasitas chegam rapidamente ao fígado, onde se multiplicam de forma intensa e veloz. Em seguida, já na corrente sanguínea, invadem os glóbulos vermelhos do sangue e, em constante multiplicação, começam a destruí-los. A partir desse momento, aparecem os primeiros sintomas da doença.
Sintomas:
A principal manifestação clínica da malária em sua fase inicial é a febre, associada ou não a calafrios, tremores, suores intensos, dor de cabeça e dores no corpo. A febre corresponde ao momento em que as hemácias (glóbulos vermelhos) estão se rompendo. A pessoa que contrai a doença pode ter também, dentre outros sintomas, vômitos, diarreia, dor abdominal, falta de apetite, tonteira e sensação de cansaço. Dependendo do tipo de malária, esses sintomas se repetem a cada dois ou três dias.
A malária grave caracteriza-se por um ou mais dos sinais e sintomas abaixo:
– Prostração;
– Alteração da consciência;
– Dispneia (dificuldade de respirar) ou hiperventilação (excesso de oxigênio nos pulmões);
– Convulsões;
– Hipotensão arterial (pressão baixa) ou choque (baixo fornecimento de oxigênio para os órgãos);
– Hemorragias.
Tratamento:
A malária é uma doença curável, mas pode evoluir para formas graves em poucos dias, caso não seja diagnosticada e tratada rapidamente. Deve ser considerada uma emergência médica, principalmente quando causada pelo Plasmodium falciparum.
O diagnóstico e o tratamento tardios podem resultar no agravamento da doença, com quadros de anemia grave, insuficiência renal e hepática, coma, dentre outras complicações clínicas, podendo comprometer praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo. Crianças, mulheres grávidas, pessoas idosas ou debilitadas por outras doenças são mais vulneráveis, entretanto, qualquer pessoa que esteja se infectando pela primeira vez pode desenvolver quadros graves.
O Ministério da Saúde orienta o tratamento e disponibiliza os medicamentos para a malária nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), em todo o território nacional.
Prevenção:
As medidas de proteção individual são as formas mais efetivas de prevenção, considerando-se que ainda não existe uma vacina disponível. Essas medidas têm como objetivo principal impedir ou reduzir a possibilidade de contato do homem com o mosquito transmissor:
– Não frequentar locais próximos a criadouros naturais de mosquitos, como beira de rios ou áreas alagadas, no final da tarde até o amanhecer, pois nesses horários há um maior número de mosquitos transmissores de malária circulando;
– Diminuir ao mínimo possível a extensão das áreas descobertas do corpo, utilizando calças e camisas de mangas compridas;
– As partes descobertas do corpo devem estar sempre protegidas por repelentes, que também devem ser aplicados sobre as roupas;
– Utilizar cortinados e mosquiteiros impregnados com inseticidas, sobre a cama ou a rede, telas em portas e janelas e inseticida no ambiente onde se dorme.
Medidas de prevenção coletiva:
– Borrifação residual intradomiciliar;
– Uso de mosquiteiros impregnados com inseticida de longa duração;
– Drenagem e aterro de criadouros;
– Obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor;
– Limpeza das margens dos criadouros;
– Modificação do fluxo da água;
– Controle da vegetação aquática;
– Melhoria das condições de moradia e de trabalho;
– Uso racional da terra.
Em situações específicas, médicos especializados no aconselhamento a viajantes podem prescrever a quimioprofilaxia da malária – uso de medicamentos antimaláricos para uma malária que ainda não se contraiu e que não se sabe se vai ser contraída –, impedindo a multiplicação do parasita no sangue. Porém, a quimioprofilaxia não evita a infecção malárica e deve ser feita estritamente dentro das orientações médicas recebidas.
O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária (PNCM), vem atuando de modo a reduzir a morbimortalidade da doença e a gravidade dos casos, estimulando a interrupção da transmissão, a fim de eliminá-la e mantê-la eliminada em localidades que alcançaram esse objetivo.
O PNCM é alicerçado nos componentes abaixo, que correspondem às estratégias de intervenção a serem implantadas ou fortalecidas de forma integrada, de acordo com as características da malária em cada área. Os dois últimos componentes se referem a importantes elementos para aceleração e sustentação do controle e da eliminação da doença:
– Apoio à estruturação dos serviços locais de saúde;
– Diagnóstico e tratamento;
– Fortalecimento da vigilância da malária;
– Capacitação de recursos humanos;
– Educação em saúde, comunicação e mobilização social;
– Controle seletivo de vetores;
– Pesquisa;
– Monitoramento do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária;
– Sustentabilidade política.
Em 2022, foi lançado o Plano Nacional de Eliminação da Malária (PNEM) O Plano apresenta quatro fases com marcos intermediários, define os objetivos e estratégias por pilares da Global Technical Strategy for Malaria 2016–2030, 2021 update, da Organização Mundial da Saúde. Ademais, prevê as seguintes metas:
– menos de 68 mil casos de malária até 2025;
– ausência de transmissão de malária por Plasmodium falciparum;
– menos de 14 mil casos autóctones de malária (total) até 2030;
– eliminação da doença até 2035.
Fontes:
Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de Campo (Proepi)
Dr. Dráuzio Varella
Ministério da Saúde. Guia prático de tratamento da malária no Brasil
Ministério da Saúde. Saúde de A a Z
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)
United to Beat Malaria