28/01 – Dia Mundial da Hanseníase e Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase


O Dia Mundial da Hanseníase, comemorado no último domingo de janeiro, ocorre no dia 28, em 2024. A campanha tem como objetivo conscientizar sobre a doença, destacar os desafios enfrentados pelas pessoas afetadas e inspirar ações para acabar com a enfermidade.

A celebração, cujo tema deste ano é “Vencer a Hanseníase”, resume os objetivos duplos da data: erradicar o estigma associado às pessoas acometidas e promover sua dignidade.

Trata-se de um poderoso lembrete da necessidade de se abordar os aspectos sociais e psicológicos, juntamente com os esforços médicos para eliminar a doença. Apela-se para um mundo onde a hanseníase não seja mais uma fonte de preconceito, mas sim uma oportunidade para demonstrar compaixão e respeito por todos os indivíduos.

Endossado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), será lançado em cerimônia na sede da OMS em Genebra, Suíça, em 31 de janeiro de 2024 o ‘Apelo Global 2024 para Acabar com o Estigma e a Discriminação contra Pessoas Afetadas pela Hanseníase’. O evento está sendo organizado pela Sasakawa Leprosy (Hansen’s Disease) Initiative, que desde 1975 tem trabalhado em estreita colaboração com a OMS, com vistas ao objetivo comum de eliminar a doença.

O Apelo Global 2024 quer chamar a atenção para um mundo onde ninguém seja deixado para trás por causa de uma doença tratável, quebrando a cadeia da discriminação e garantindo dignidade para todos.

Date: January 31, 2024
Time: 17:00~18:10 (Local time), 16:00~17:10 (UTC)
Place: Auditorium, WHO Headquarters, Geneva, Switzerland
Language: English
Inscrições aqui!

No Brasil, o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase, também comemorado no último domingo do mês de janeiro, foi instituído pela Lei nº 12.135/2009,
objetiva chamar a atenção para as medidas de prevenção e controle, bem como alertar para aspectos frequentemente negligenciados – mitos e conceitos errôneos sobre a doença, que muitas pessoas afetadas experimentam diariamente.

Hanseníase é uma doença infecciosa e contagiosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae. Afeta a pele e os nervos periféricos, provocando lesões que conferem à doença um alto poder incapacitante.

A transmissão ocorre através das vias aéreas (secreções nasais, gotículas da fala, tosse, espirro) de pacientes sem tratamento. Os pacientes que estão sendo tratados deixam de transmitir a doença, cujo período de incubação pode levar de três a cinco anos. Porém, a maioria das pessoas que entra em contato com estes bacilos não desenvolve a enfermidade.

Considerada uma das enfermidades mais antigas do mundo, supõe-se que tenha surgido no Oriente, por volta do século 6 a.C., atingiu outras partes do globo levada por tribos nômades ou navegadores.

Os doentes eram excluídos da sociedade e enviados aos chamados ‘leprosários’, pois a enfermidade era vinculada a símbolos negativos como pecado, castigo divino ou impureza, já que era confundida com infecções sexualmente transmissíveis. Por medo de contágio, já que não havia cura na época – os enfermos eram proibidos de entrar em igrejas e tinham que usar vestimentas especiais e carregar sinetas que alertassem sobre sua presença.

Até a década de 1940, o tratamento de pacientes com hanseníase ocorria nos leprosários, onde eram compulsoriamente isolados e recebiam um medicamento fitoterápico natural da Índia, o óleo de Chaulmoogra, administrado através de injeções ou por via oral. No final dos anos 1940, um novo fármaco foi desenvolvido, a sulfona, cujo poder terapêutico marcou uma nova fase na terapia da doença, ao acabar com o contágio ainda no início do tratamento.

No Brasil, a segregação das pessoas com hanseníase foi uma medida de controle da doença implementada pelo Estado e legitimada pela sociedade ao longo de aproximadamente quatro décadas, entre os anos de 1920 e 1960.

O país ocupa a 2ª posição do mundo entre os países que registram casos novos. Em razão de sua elevada carga, a doença permanece como um importante problema de saúde pública no país, sendo de notificação compulsória e investigação obrigatória.

Segundo dados da OMS, a cada ano, cerca de 210 mil indivíduos são diagnosticados com hanseníase e até 50% deles enfrentarão, além da própria doença, problemas de saúde mental, como depressão ou ansiedade, com risco aumentado de suicídio.

Sintomas e tratamento:

– manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do corpo, com perda ou alteração da sensibilidade ao calor e ao frio; ao tato e à dor, principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas;
– áreas do corpo com diminuição dos pelos e do suor;
– dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas;
– inchaço em mãos e pés;
– diminuição da sensibilidade e/ou da força muscular da face, mãos e pés;
– lesões em pernas e pés;
– caroços no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos;
– febre, inchaço e dor nas articulações;
– entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz;
– ressecamento nos olhos.

O tratamento consiste na associação de antibióticos utilizados de forma padronizada. O paciente deve tomar a primeira dose mensal supervisionada pelo profissional de saúde, sendo as demais auto administradas. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento e o acompanhamento da doença em unidades básicas de saúde e em unidades de referência.

Prevenção:

O diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e a investigação de contatos que convivem ou conviveram, residem ou residiram, de forma prolongada com pacientes acometidos por hanseníase, são as principais formas de prevenção.

Na suspeita da doença, é preciso procurar atendimento em uma unidade de saúde o mais rápido possível, para evitar a evolução para incapacidades e deformidades físicas que dela podem surgir.

Entre os dias 23 e 24/01, ocorreu o evento ‘Compartilhar Desafios: Janeiro Roxo 2024 – Uma jornada para a integração e avanços em hanseníase’. O encontro teve a participação de representantes do Ministério da Saúde, da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), professores de universidades federais, dentre outros especialistas no tema e pode ser assistido online, no YouTube.

Fontes:

Agência Fiocruz de Notícias

CARVALHO, Keila Auxiliadora. Discussões em torno da reconstrução do significado da lepra no período pós-sulfônico, Minas Gerais, na década de 1950. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.22, n.2, abr.-jun. 2015, p.541-557

Ministério da Saúde (1)

Ministério da Saúde (2)

Sasakawa Leprosy (Hansen’s Disease) Initiative

World Health Organization

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