“Saúde Renal para Todos – Preparar-se para o inesperado, apoiando o vulnerável!” : 09/3 – Dia Mundial do Rim
O Dia Mundial do Rim é uma campanha global destinada a despertar as pessoas sobre a importância dos rins. É comemorado na 2a. quinta-feira do mês de março, anualmente. Ao redor do mundo ocorrem centenas de eventos para gerar conscientização sobre comportamentos preventivos, de fatores de risco e de como viver com uma doença renal. Isto para que todos tenham saúde renal!
O tema para as comemorações de 2023 “Saúde Renal para Todos – Preparar-se para o inesperado, apoiando o vulnerável” pretende chamar a atenção para o impacto de eventos desastrosos em pacientes com doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), que incluem doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, hipertensão, doenças pulmonares crônicas e doenças renais crônicas (DRC). Essas são, sabidamente, as principais causas de morte e de deficiências no mundo todo e de maneira mais significativa em países de renda baixa ou média.
O impacto de eventos desastrosos, quer sejam locais (terremoto, inundações, guerra, clima extremo) ou globais (a pandemia de COVID-19), afeta o funcionamento e as condições de vida de toda a comunidade. Resultam em perdas e impactos humanos, materiais, econômicos e ambientais.
Pessoas afetadas por doenças crônicas, das quais os pacientes renais representam mais de 850 milhões ao redor do mundo, são particularmente afetadas, uma vez que o acesso a serviços apropriados de diagnóstico, tratamento e cuidados são enormemente comprometidos, dada a sua necessidade constante de cuidado consistente e coordenado – que frequentemente é para a vida toda e envolve tratamentos contínuos e complexos.
Nos últimos anos, a pandemia de COVID-19 proporcionou uma mostra clara dos desafios encarados pelos sistemas de saúde na oferta de serviços essenciais a pacientes com DCNTs.
O impacto da COVID-19 nesses sistemas acrescentou uma tensão a mais sobre esta população vulnerável, que teve de lidar com o risco de se infectar enquanto comparecia a unidades de saúde, bem como com a suspensão ou o cancelamento de cuidados não destinados à COVID-19, diante dos limites de capacidade dos serviços e das políticas de lockdown.
Os serviços, então, tiveram de se empenhar em garantir acesso à continuada incidência de novos casos de DCNTs requerendo diagnóstico, gerenciamento e cuidados. Sem cura real ou tratamento para prevenir a progressão da DRC, o desenvolvimento não detectada ou desenfreada desta condição para a insuficiência renal, certamente aumentará a necessidade global de tratamentos que preservam a vida, como diálise e transplante.
Por fim, a pandemia agravou o já insuficiente compromisso das políticas globais de saúde para com as DCNTs, muitas vezes incorretamente percebidas como decorrentes de más escolhas de estilo de vida, com déficits de políticas agravados pela alocação insuficiente de recursos concentrados no gerenciamento e não na prevenção, e apenas para algumas das DCNTs reconhecidas — doença cardiovascular, câncer, diabetes, e doença respiratória crônica.
No entanto, estima-se que 55% do peso global das DCNTs decorra de doenças não contempladas neste grupo, tais como a doença renal. Além disso, o fardo dessas quatro DCNTs mais favorecidas é amplificado na presença de doença renal, muitas vezes coexistente. São, portanto, urgentemente necessárias políticas de saúde pública que reflitam melhor as estratégias preventivas e a importância, tanto da magnitude quanto dos aspectos sinérgicos da doença renal como parte das DCNTs.
Desta forma, preparativos para eventos inesperados são incrivelmente importantes para pacientes renais:
– Os gestores de saúde precisam adotar estratégias de saúde integradas, que priorizem a prevenção, a detecção precoce e o gerenciamento de DCNTs, inclusive a doença renal.
– Os serviços de atenção à saúde devem garantir acesso apropriado e igualitário a cuidados para pacientes crônicos em momentos de emergência.
– Os governos devem incluir planos emergenciais de prontidão para o gerenciamento e detecção de DCNTs e promover a prevenção dessas condições clínicas.
– Os pacientes devem se planejar para emergências, preparando um kit de urgência que incluam comida, água, suprimentos médicos e seus registros clínicos.
Mais de 20 milhões de brasileiros têm algum tipo de doença renal crônica e apenas uma pequena parcela destes sabe. Quem já recebeu o diagnóstico sofre com falta de vagas para fazer hemodiálise no Sistema Único de Saúde, muitos deles morrem por complicações da doença sem conseguir tratamento.
Anualmente, a Sociedade Brasileira de Nefrologia coordena no Brasil a Campanha do Dia Mundial do Rim, que tem como objetivos disseminar informações sobre as doenças renais, com foco na prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado. Todos esses objetivos estão resumidos no tema central que é “Saúde dos rins (& exame de creatinina) para todos”.
O principal indicador da função renal é o nível de creatinina no sangue, um resíduo do corpo produzido pelos músculos e excretado pelos rins. Se a função renal estiver reduzida, a creatinina se acumula no sangue, elevando seu nível.
Insuficiência renal é a condição na qual os rins perdem a capacidade de efetuar suas funções básicas. A insuficiência renal pode ser aguda, quando ocorre súbita e rápida perda da função renal, ou crônica, quando esta perda é lenta, progressiva e irreversível.
Funções dos rins:
– limpar todas as impurezas e as toxinas de nosso corpo;
– regular a água e manter o equilíbrio das substâncias minerais do corpo (sódio, potássio e fósforo);
– liberar hormônios para manter a pressão arterial e regular a produção de células vermelhas no sangue;
– ativar a vitamina D, que mantém a estrutura dos ossos.
Principais causas da insuficiência renal aguda:
– choque circulatório;
– sepse (infecção generalizada);
– desidratação;
– queimaduras extensas;
– excesso de diuréticos;
– obstrução renal;
– insuficiência cardíaca grave;
– glomerulonefrite aguda (inflamação nos glomérulos – unidades filtrantes do rim).
A doença renal crônica está associada a duas doenças de alta incidência na população brasileira: hipertensão arterial e diabetes.
Como o rim é um dos responsáveis pelo controle da pressão arterial, quando ele não funciona adequadamente há alteração nos níveis de pressão. A mudança dos níveis de pressão também sobrecarrega os rins. Portanto, a hipertensão pode ser a causa ou a consequência da disfunção renal, e seu controle é fundamental para a prevenção da doença.
Já a diabetes pode danificar os vasos sanguíneos dos rins, interferindo no funcionamento destes órgãos, que não conseguem filtrar o sangue corretamente. Mais de 25% das pessoas com diabetes tipo I e 5 a 10% dos portadores de diabetes tipo II desenvolvem insuficiência renal.
Outras causas são: nefrite (inflamação dos rins), cistos hereditários, infecções urinárias frequentes que danificam o trato urinário e doenças congênitas.
Sintomas:
A progressão lenta da doença permite que o organismo se adapte à diminuição da função renal. Por isso, muitas vezes, a doença não manifesta sintomas até que haja um comprometimento grave dos rins, com perda de até 90% de sua função. Nesses casos, os sinais são:
– aumento do volume e alteração na cor da urina;
– fadiga;
– dificuldade de concentração;
– diminuição do apetite;
– sangue e espuma na urina;
– incômodo ao urinar;
– inchaço nos olhos, tornozelos e pés;
– dor lombar;
– anemia;
– fraqueza;
– enjoos e vômitos;
– alteração na pressão arterial.
Tratamento:
Não existe cura para a doença renal crônica, embora o tratamento possa retardar ou interromper a progressão da doença e impedir o desenvolvimento de outras condições graves. A insuficiência renal pode ser tratada com medicamentos e controle da dieta. Nos casos mais extremos pode ser necessária a realização de diálise ou transplante renal, como terapêutica definitiva de substituição da função renal.
Prevenção:
O primeiro passo é prevenir o desenvolvimento da hipertensão arterial e controlar a diabetes, doenças que mais levam à insuficiência renal.
– Conhecer o histórico de doenças da sua família;
– Controlar os níveis de pressão;
– Realizar avaliação médica anual, principalmente após os quarenta anos;
– Seguir uma dieta equilibrada, com baixa ingestão de sal e de açúcar;
– Controlar o peso;
– Exercitar-se regularmente;
– Não fumar;
– Se fizer uso de bebidas alcoólicas, que seja de forma moderada;
– Monitorar seus níveis de colesterol;
– Evitar o uso de medicamentos sem orientação médica.
Fontes:
Hospital Albert Einstein
International Society of Nephrology (ISN)
Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN)
World Kidney Day