16/11 – Dia Nacional de Atenção à Dislexia

O Dia Nacional de Atenção à Dislexia, celebrado anualmente em 16 de novembro, foi instituído pela Lei nº 13.085/2015. A data comemorativa destina-se a difundir informações sobre a condição, conscientizar a sociedade e mostrar a importância do diagnóstico e tratamento precoces.
A dislexia é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta habilidades básicas de leitura e linguagem. É considerada um problema específico da aprendizagem porque seus sintomas geralmente afetam o desempenho acadêmico de estudantes, sem que haja outra alteração (neurológica, sensorial ou motora) que justifique as dificuldades observadas.
A palavra “dislexia” é comumente utilizada para se referir a um transtorno específico da aprendizagem com prejuízos nas habilidades de leitura e escrita, porém, outras características comuns da condição incluem dificuldades no reconhecimento preciso e fluente de palavras, na decodificação e na ortografia.
Em diferentes graus, os acometidos pelo defeito congênito não conseguem estabelecer a memória fonêmica, isto é, associar os fonemas às letras, fazendo com que a dislexia seja uma das mais importantes deficiências do aprendizado, caracterizada pela dificuldade em ler, escrever, soletrar, fazer contas, enfim, aprender.
A causa do distúrbio é uma alteração cromossômica hereditária, o que explica sua ocorrência em pessoas da mesma família. Pesquisas recentes mostram que a dislexia pode estar relacionada com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da criança.
A condição acomete de 0,5% a 17% da população mundial e pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta.
De acordo com a severidade das dificuldades apresentadas pelo indivíduo, a dislexia pode apresentar-se de forma leve, moderada ou severa.
Os sintomas variam de acordo com a gravidade e tornam-se mais evidentes durante a fase da alfabetização. Pode haver:
Na linguagem oral:
– Atraso no desenvolvimento da fala;
– Problemas para formar palavras de forma correta, como trocar a ordem dos sons (popica em vez de pipoca) e confundir palavras semelhantes (umidade / humanidade);
– Erros de pronúncia, incluindo trocas, omissões, substituições, adições e misturas de fonemas;
– Dificuldade para nomear letras, números e cores;
– Dificuldade em atividades de aliteração e rima;
– Dificuldade para se expressar de forma clara.
Na leitura:
– Dificuldade para decodificar palavras;
– Erros no reconhecimento de palavras, mesmo as mais frequentes;
– Leitura oral devagar e incorreta. Pouca fluência, com inadequações de ritmo e entonação, em relação ao esperado para a idade e a escolaridade;
– Compreensão de texto prejudicada como consequência da dificuldade de decodificação;
– Vocabulário reduzido.
Na escrita:
– Erros de soletração e ortografia, mesmo nas palavras mais frequentes;
– Omissões, substituições e inversões de letras e/ou sílabas;
– Dificuldade na produção textual, com velocidade abaixo do esperado para a idade e a escolaridade.
E ainda, dificuldades:
– Para identificar fonemas, associá-los às letras e reconhecer rimas e aliterações;
– Para decorar a tabuada, reconhecer símbolos e conceitos matemáticos (discalculia);
– De organização temporal e espacial e coordenação motora.
O diagnóstico da dislexia é feito por exclusão, em geral por equipe multidisciplinar (médico, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, neurologista). Antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem.
É de extrema importância estabelecer o diagnóstico precocemente para evitar que sejam atribuídos rótulos depreciativos que venham a refletir negativamente sobre a autoestima e projetos de vida dos acometidos.
Para tanto, é fundamental que os pais e a sociedade como um todo tenham acesso às informações necessárias para identificar o problema e ter consciência das amplas possibilidades de obter sucesso na vida escolar e profissional, mesmo vivendo com dislexia.
A ausência de conhecimento leva muitos pais a tratarem os problemas apresentados como indisciplina ou preguiça das crianças. Essa postura associada à desinformação e ao baixo preparo de muitas escolas em identificar o quadro reforçam as dificuldades dos indivíduos acometidos, além de causar-lhes sérios prejuízos psicológicos.
Tratamento:
Ainda não se conhece a cura para a dislexia. O tratamento baseia-se em estratégias de aprendizagem que estimulam a leitura, a escrita e a visão e exige a participação de especialistas em várias áreas (pedagogia, fonoaudiologia, psicologia, etc.) para ajudar o indivíduo a superar, na medida do possível, o comprometimento no mecanismo da leitura, da expressão escrita ou da matemática.
Prevenção:
Por tratar-se de uma condição com base neurobiológica, não é possível prevenir a dislexia. Entretanto, estudos de intervenção precoce realizados em vários países demonstraram que quanto antes se iniciar a intervenção menores serão a defasagem escolar e os impactos emocionais provocados.
Recomendações:
– Algumas dificuldades apresentadas pelas crianças durante a alfabetização só ocorrem porque elas são pequenas e imaturas e ainda não estão prontas para iniciar o processo de leitura e escrita. Se as dificuldades persistirem, o ideal é encaminhar a criança para avaliação por profissionais capacitados;
– O diagnóstico de dislexia não significa que a criança seja menos inteligente; significa apenas que tem um distúrbio que pode ser corrigido ou atenuado;
– O tratamento da dislexia pressupõe um processo longo que demanda persistência;
– Pessoas com dislexia devem dar preferência a frequentar escolas preparadas para atender suas necessidades específicas;
– Saber que a pessoa tem dislexia e conhecer as características do distúrbio é o melhor caminho para evitar prejuízos no desempenho escolar e social e os rótulos depreciativos que levam à baixa-estima.
Fontes:
Abrace Esperança (PB)
Associação Nacional de Dislexia
Dr. Dráuzio Varella
Instituto ABCD (SP)
