Cooperação em saúde: lançamento do comitê “Uma Só Saúde” marca nova era para a saúde pública no Brasil
O Governo Federal lançou, em 8 de agosto, o Comitê Técnico Interinstitucional de Uma Só Saúde. Instituído pelo Decreto nº 12.007/2024, o comitê visa promover uma abordagem multissetorial e multidisciplinar que reconheça a interconexão entre saúde humana, animal, vegetal e ambiental. O evento foi realizado no Palácio do Planalto, com a participação do secretário-executivo do Ministério da Saúde, Swedenberger Barbosa, com transmissão ao vivo pelo YouTube do Ministério da Saúde.
“É uma prática comum do Ministério da Saúde trabalhar os conceitos de integralidade, de transversalidade e com questões de direitos, que é fundamental no processo de avanço de democracia e cidadania. Nós temos o orgulho em dizer que a democracia está sendo reconstruída no Brasil. Estamos aqui, construindo um Brasil de forma democrática, de forma coletiva em que as políticas públicas significam uma mudança profunda na vida de cada brasileiro e brasileira”, afirmou, no evento, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Swedenberger Barbosa.
O lançamento reuniu representantes do colegiado para destacar a importância de uma cooperação ampla, com desenvolvimento de medidas sustentáveis para enfrentamento de alguns dos maiores desafios para a saúde global, como crises decorrentes das mudanças climáticas, epidemias, pandemias, zoonoses, resistência antimicrobiana e arboviroses como a dengue.
Com coordenação da Saúde, o grupo é composto por 20 órgãos, entre ministérios, institutos, agências reguladoras e conselhos de classe com representantes das áreas de biologia, veterinária, pesquisa agropecuária, farmácia, medicina, enfermagem, meio ambiente, biodiversidade, entre outras.
O principal objetivo é a elaboração do Plano de Ação Nacional de Uma Só Saúde. E também buscar a articulação com estados e municípios para orientar medidas interfederativas e multissetoriais, além de apoiar o desenvolvimento de estudos e pesquisas com essa abordagem.
Cerca de 75% das doenças emergentes têm origem animal
O estudo integrado da saúde humana, animal, vegetal e ambiental é de grande importância na atualidade. Dados da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) mostram que aproximadamente 60% das doenças infecciosas humanas têm origem zoonótica, e quase 75% das doenças infecciosas emergentes, como covid-19, influenza e monkeypox, também têm origem animal. Além disso, 80% dos agentes com potencial de uso como armas biológicas são patógenos zoonóticos.
De acordo com a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, a criação do comitê é um marco significativo para a saúde pública brasileira. “O contexto global e nacional reforça a urgência de uma abordagem integrada. Pandemias e desastres recentes demonstraram que a preparação para emergências de saúde pública exige planos de ação que vão além de um único setor”, acredita.
Para fortalecer o diálogo e conscientizar a sociedade brasileira, neste ano, a ministra Nísia Trindade elegeu o dia 3 de novembro como Dia Nacional da Saúde Única, mesmo dia em que é comemorado o dia mundial da mesma temática. Vale destacar que, ao instituir o comitê, o Brasil se alinha à perspectiva internacional quanto ao enfrentamento dos desafios atuais para a saúde global.
Em 2022, a Organização das Nações Unidas firmou uma a Aliança Quadripartite para fortalecer a cooperação em Uma Só Saúde, com participação de quatro agências internacionais: OMSA, Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
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