Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita – 21/10


 

As infecções sexualmente transmissíveis (IST) representam um importante agravo de saúde pública global, sendo, dentre as doenças infecciosas, uma das modalidades mais comuns. Apesar de haver uma noção errônea de que sejam doenças benignas e de simples tratamento, há vários casos graves. A saúde geral, reprodutiva e infantil pode ser afetada por situações como infertilidade, complicações na gestação e parto, morte fetal e agravos na saúde das crianças. Casos de sífilis com importantes lesões neurológicas, oculares, otológicas e cardiovasculares têm sido vistos com mais frequência. Mortalidade, sequelas e perda da qualidade de vida podem decorrer dessas situações. Além disso, um dos impactos indiretos da infecção por uma IST é o aumento do risco de transmissão sexual do vírus da imunodeficiência humana (HIV).

No Brasil, de acordo com dados do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, entre os anos de 2011 e 2022 (números preliminares até 30/6/2022), foram detectados 1.115.529 casos de sífilis. A sífilis congênita foi detectada em 293.339 bebês com até 1 ano de idade, entre os anos de 1998 a 2022 (números preliminares até 30/6/2022).

O número de casos de sífilis é preocupante, o que demonstra a necessidade de reforço às ações de vigilância, prevenção e controle dessa infecção. Como a maioria dos casos são oligossintomáticos ou assintomáticos, é muito importante uma busca ativa do diagnóstico, conforme a vulnerabilidade da pessoa atendida.

Todos os casos diagnosticados devem ser notificados, para prover informações às autoridades de saúde, que, com uma correta análise da situação, poderá guiar a implementação de políticas públicas. A pessoa doente deve ser acolhida e orientada. O início do tratamento deve ser, preferencialmente, imediato, visando reduzir a transmissão da doença. Nesse momento, todas as outras IST devem ser rastreadas através da história clínica, exame físico e exames complementares. Devemos cuidar para que as parcerias sexuais das pessoas atendidas procurem o diagnóstico e o tratamento, sem violar o sigilo médico e a privacidade desses indivíduos. Essas são oportunidades de cuidados que não podem ser perdidas, para o bem da pessoa e da coletividade. Por fim, nunca será demais lembrar sobre a educação em saúde, desde o ensino fundamental, que pode empoderar as pessoas a promoverem seu autocuidado.

Sífilis, ou Lues, é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum. É curável e exclusiva do ser humano, tendo como principal via de transmissão, o contato sexual, seguido pela transmissão para o feto durante o período de gestação de uma mãe com sífilis não tratada ou tratada inadequadamente. Também pode ser transmitida por sangue contaminado.

Transmissão:

A sífilis é transmitida por meio das relações sexuais desprotegidas, sangue ou produtos sanguíneos (agulhas contaminadas ou transfusão com sangue não testado), da mãe para o filho em qualquer fase da gestação ou no momento do parto (sífilis congênita) e pela amamentação.

Sintomas:

Os sinais e sintomas da sífilis variam de acordo com o estágio da doença, que se divide em:

Sífilis latente: Não aparecem sinais ou sintomas. É dividida em sífilis latente recente (menos de dois anos de infecção) e sífilis latente tardia (mais de dois anos de infecção). A duração é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.

Sífilis primária: Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 a 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias, normalmente não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços dolorosos) na virilha.

Sífilis secundária: Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial:

– Manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés;

– Febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo.

Sífilis terciária: Pode surgir de dois a 40 anos depois do início da infecção. Os sinais são lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas. Uma pessoa pode ter sífilis e não saber, isso porque a doença pode aparecer e desaparecer, mas continuar latente no organismo. Por isso é importante se proteger, fazer o teste e, se a infecção for detectada, tratar da maneira correta. O não tratamento da sífilis pode levar a várias outras doenças e complicações, inclusive à morte.

Sífilis congênita: É a infecção transmitida da mãe para o bebê e pode ocorrer em qualquer fase da gravidez. O risco é maior para as mulheres com sífilis primária ou secundária. A sífilis materna, sem tratamento, pode causar má-formação do feto, aborto espontâneo e morte fetal. Na maioria das vezes, porém, o bebê nasce aparentemente saudável e os sintomas aparecem nos primeiros meses de vida: pneumonia, feridas no corpo, alterações nos ossos e no desenvolvimento mental, surdez e cegueira.

Tratamento:

O tratamento é feito com antibióticos e deve ser acompanhado com exames clínicos e laboratoriais para avaliar a evolução da doença e estendido aos parceiros sexuais. A sífilis é uma infecção curável, com tratamento relativamente simples, mas pegar uma vez não promove imunidade. Nas formas mais graves da doença, como na fase terciária, o não tratamento adequado pode levar à morte.

Prevenção:

O uso de preservativos (tanto femininos como masculinos) durante todas as relações sexuais (inclusive anais ou orais) é a maneira mais segura de prevenir a doença; o acompanhamento das gestantes e dos parceiros sexuais durante o pré-natal contribui para o controle da sífilis congênita.

 

O Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita é uma campanha comemorada no terceiro sábado do mês de outubro, anualmente. Foi instituído por meio da Lei nº 13.430/2017 com os objetivos de estimular a participação dos profissionais e gestores de saúde nas atividades educativas da data, com vistas a enfatizar a importância do diagnóstico e do tratamento adequados da sífilis na gestante durante o pré-natal e da sífilis em ambos os sexos como infecção sexualmente transmissível.

 

Fontes:

Dr. Dráuzio Varella
Escola Paulista de Enfermagem/UNIFESP
Ministério da Saúde. Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis
Ministério da Saúde. Sífilis: estratégias para o diagnóstico no Brasil
Ministério da Saúde. Sífilis na gravidez: trate com carinho

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