07 a 11 de agosto: Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose


 

No período que inclui o dia 10 de agosto comemora-se a Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose, data instituída pela Lei nº 12.604/2012 com o objetivo de promover ações de conscientização e atividades educativas de disseminação de informações sobre a doença, suas formas de contágio e prevenção.

 

Leishmanioses são um conjunto de doenças causadas por mais de 20 espécies de leishmania (um gênero de protozoários). Os parasitas vivem e se multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de defesa do indivíduo, chamadas macrófagos. Há dois tipos de leishmaniose: tegumentar ou cutânea e visceral ou calazar.

A leishmaniose visceral em humanos é considerada, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), uma das principais doenças negligenciadas do planeta, pois ocorre com maior frequência em populações socialmente mais vulneráveis, principalmente em crianças. De acordo com a OMS, o Brasil registra a maioria dos casos da doença em todo o mundo.

É uma doença grave e que pode levar à morte se não for tratada oportuna e adequadamente, caracterizando-se como um desafio à saúde pública mundial e um dos principais problemas de saúde veterinária para os cães, com alta relevância para a saúde pública no país.

Transmissão:

A leishmaniose é transmitida por insetos hematófagos (que se alimentam de sangue) conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos. Os flebótomos medem de 2 a 3 milímetros de comprimento e devido ao seu pequeno tamanho são capazes de atravessar as malhas dos mosquiteiros e telas. Apresentam cor amarelada ou acinzentada e suas asas permanecem abertas quando estão em repouso. Seus nomes variam de acordo com a localidade; os mais comuns são: mosquito palha, tatuquira, birigui, cangalinha, asa branca, asa dura e palhinha. O mosquito palha ou asa branca é mais encontrado em lugares úmidos, escuros e onde há muitas plantas.

As fontes de infecção das leishmanioses são, principalmente, os animais silvestres e os insetos flebotomíneos que abrigam o parasita em seu tubo digestivo, porém, o hospedeiro também pode ser o cão doméstico e o cavalo.

Na leishmaniose cutânea os animais silvestres que atuam como reservatórios são os roedores silvestres, tamanduás e preguiças. Na leishmaniose visceral a principal fonte de infecção é a raposa do campo.

Embora alguns canídeos (raposas, cães), roedores, tamanduás, preguiças e equídeos possam ser reservatório do protozoário e fonte de infecção para os vetores, nos centros urbanos a transmissão se torna potencialmente perigosa por causa do grande número de cães que adquirem a infecção e desenvolvem um quadro clínico semelhante ao do homem.

A doença não é contagiosa nem se transmite diretamente de uma pessoa para outra, nem de um animal para outro, nem dos animais para as pessoas. A transmissão do parasita ocorre apenas através da picada do mosquito fêmea infectado.

Na maioria dos casos, o período de incubação é de 2 a 4 meses, mas pode variar de 10 dias a 24 meses.

Sintomas da leishmaniose visceral:

– febre intermitente com semanas de duração;
– fraqueza;
– perda de apetite;
– emagrecimento;
– anemia;
– palidez;
– aumento do baço e do fígado;
– comprometimento da medula óssea;
– problemas respiratórios;
– diarreia;
– sangramentos na boca e nos intestinos.

Sintomas da leishmaniose cutânea:

Duas a três semanas após a picada pelo flebótomo aparece uma pequena pápula (elevação da pele) avermelhada que vai aumentando de tamanho até formar uma ferida recoberta por crosta ou secreção purulenta, bordas avermelhadas, que demoram para cicatrizar. A doença também pode se manifestar como lesões inflamatórias nas mucosas do nariz ou da boca.

Outra forma da doença é a mucocutânea, em geral transmitida pelo Leishmania braziliensis. A ferida primária tem as mesmas características da cutânea simples. A diferença é que, ao mesmo tempo, ou meses depois, surgem metástases nas mucosas da nasofaringe que destroem a cartilagem do nariz e do palato provocando graves deformações.

A presença de nódulos espalhados pelo corpo, sobretudo nos membros, é a principal característica da leishmaniose cutânea difusa. Já na leishmaniose disseminada, o paciente apresenta inúmeras lesões ulceradas espalhadas por todo o corpo, que surgem de repente e podem vir acompanhadas de febre, calafrios e mal-estar.

Diagnóstico e Tratamento:

O diagnóstico da leishmaniose é realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais e, assim como o tratamento com medicamentos, deve ser cuidadosamente acompanhado por profissionais de saúde. Sua detecção e tratamento precoce devem ser prioritários, pois ela pode levar à morte. Todos os medicamentos são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Para os cães acometidos pela doença, já existe tratamento autorizado no país, que deve ser prescrito e acompanhado por médico veterinário.

Prevenção:

– evitar construir casas e acampamentos em áreas muito próximas à mata;
– fazer dedetização, quando indicada pelas autoridades de saúde;
– evitar banhos de rio ou de igarapé, localizado perto da mata;
– utilizar repelentes na pele, quando estiver em matas de áreas onde há a doença;
– usar mosquiteiros para dormir;
– usar telas protetoras em janelas e portas.

Outras medidas importantes são manter sempre limpas as áreas próximas às residências e os abrigos de animais domésticos; realizar podas periódicas nas árvores para que não se criem os ambientes sombreados; não acumular lixo orgânico, objetivando evitar a presença de mamíferos comensais próximo às residências, como marsupiais e roedores, que são prováveis fontes de infecção para os flebotomíneos.

Não há vacina contra as leishmanioses humanas. As medidas mais utilizadas para a prevenção e o combate da doença se baseiam no controle de vetores e dos reservatórios, proteção individual, diagnóstico precoce e tratamento dos doentes, manejo ambiental e educação em saúde.

 

Uma abordagem mais eficiente para o controle das leishmanioses e de outras zoonoses vem dos estudos de Saúde Única, do inglês One Health, que consideram a integração entre saúde animal, humana e ambiental. “Qualquer alteração nestas relações provocará desequilíbrios e, consequentemente, a propagação de agentes patogênicos. A OMS ressalta que Saúde Única é uma abordagem para planejar e implementar programas, políticas, legislação e pesquisa em que vários setores se comunicam e trabalham juntos para alcançar melhores resultados para a saúde pública”, explica Tiago Marques dos Santos, professor do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública do Instituto de Veterinária (IV) e atual coordenador do Grupo de Estudos e Ações em Saúde Única (GEASU) da UFRRJ.

 

Fontes:

Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia
Dr. Dráuzio Varella: leishmaniose visceral
Dr. Dráuzio Varella: leishmaniose tegumentar
Ministério da Saúde: Leishmaniose visceral; Leishmaniose tegumentar
Prefeitura de Aracaju (SE)
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

 

 

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